“O Sangue da Nova Aliança” (Mateus 26.26-30)
“porque isto é o meu sangue, o sangue da [nova] aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados” (vs. 28)
Introdução: A velha aliança foi estabelecida pelo sangue aspergido de animais (Hb 9.19ss). A nova aliança, através do sangue vertido de Jesus (Hb 8.7-13). A primeira foi estabelecida no Sinai. Moisés disse: “Este é o sangue da aliança, a qual Deus prescreveu para vós outros” (Hb 9.20). A nova aliança foi consumada no Calvário. Jesus disse: “porque isto é o meu sangue, o sangue da [nova] aliança…” (Mt 26.28a). No último domingo, comemoramos a Páscoa e celebramos a Ceia; ambas nos falam de aliança; a primeira numa perspectiva da cruz, a segunda, numa retrospectiva dela.
O conceito de aliança é: “ato de aliar, unir-se”. Num contexto natural, uma aliança era firmada através de tratados (acordos ou pactos). Num contexto espiritual, uma aliança era firmada (expressa) através de relacionamento. As alianças são feitas entre Deus e o homem com a finalidade de salvação (remissão). E sem derramamento de sangue, não há remissão (Hb 9.22). Por isso, nem a primeira aliança foi sancionada sem sangue (Hb 9.18).
A velha e a nova aliança têm o mesmo princípio espiritual, embora a primeira aliança fosse “sombra” da segunda e não pudesse tornar perfeitos os ofertantes (Hb 10.1). O sentido principal é que, nenhuma expiação pelo pecado é possível sem o sacrifício de uma vida. E, se a vida da carne está no sangue (Lv 17.11), então, simbolicamente, o derramamento de sangue era a comprovação de que uma vida fora sacrificada e aceita como exigência do pagamento.
Dar a vida é a forma mais amorosa de relacionamento. Foi exatamente isso que Deus fez com os homens, reconciliando consigo o mundo por meio de Cristo (II Co 5.18,19), cujo sangue vertido na cruz abriu um novo e vivo caminho que nos deu acesso de volta ao Pai (Hb 10.19,20). Por causa do pecado, o homem se afastou de Deus e o seu relacionamento ficou comprometido, mas, o Pai amoroso resolveu este problema eterno, com uma solução eterna: o sangue da nova aliança.
A respeito da primeira aliança de sangue, o teólogo Russell Shedd comenta: “A cerimônia de inauguração da velha aliança (Êx 24.6-8), além de unir Israel com Deus através da morte da vítima sacrificial, conduziu este povo a andar debaixo de uma aliança, que garantiria grandes benefícios. Assim, a vontade de Deus não é apenas que, pelo sangue, sejamos livres da morte, mas, também, que, por este mesmo sangue, tenhamos vida abundante e vitoriosa.
Em Mateus 26.26-30, Jesus ceava a refeição da Páscoa com seus discípulos. Ali, Ele instituiu algo novo: a Ceia do Senhor. Compartilhou o pão sem fermento e o cálice com vinho, para representar o Seu corpo e o Seu sangue que seriam oferecidos por nós. Era Páscoa, um dos momentos mais importantes da história de Israel. A escravidão que durara 4 séculos terminava. Por meio do sangue de um cordeiro aspergido nas ombreiras e na verga da porta, nas casas dos israelitas, o Senhor passaria por eles, sem que esses fossem atingidos pela morte de seus primogênitos.
Por isso, hoje, celebramos a Ceia do Senhor, celebramos a inauguração da nova aliança no sangue, isto é, a morte de Cristo. Não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo precioso sangue de Jesus (Hb 9.12). Ele é o nosso Cordeiro pascal que foi imolado (I Co 4.7). Agora, é o sangue da nova aliança (perfeita e permanente). Agora, é o sangue que não apenas cobre pecados, mas, que o remove totalmente. Por meio desta aliança, nos tornamos livres do cativeiro espiritual de outrora. Agora, somos livres pelo sangue do Cordeiro (I Pe 1.18,19).
Jesus é o cumprimento da Páscoa como o Cordeiro de Deus que morreu pelos pecados do mundo (Jo 1.29). E, hoje, se comemos do Cordeiro, significa que Ele está em nós e nós nEle (unidos); que em nossas casas e não haverá luto. “O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora […] Este dia vos será por memorial” (Êxodo 12.13,14).
Conclusão: A Ceia é considerada a Páscoa cristã e tb um memorial do êxodo cristão: “fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim” (I Co 11.25). Por meio do sangue da nova aliança, não apenas a morte passa de nós, como, também, a vida passa para nós. Aleluia! Vc está debaixo desta aliança? Como ela marcou a sua vida? Vc está repartindo o Cordeiro com seu vizinho mais próximo?
Pr. Ricardo Arturo Tatis Batista – Igreja Batista do Amor