Texto: (Filipenses 2.1-4).
Introdução: A desunião, em qualquer segmento, é sempre desastrosa (Mt 12.25). A ausência de unidade destrói qualquer tipo de vida comunitária e, consequentemente, promove uma série de ações desordenadas. Portanto, como Corpo de Cristo, precisamos compreender o valor da unidade cristã (Sl 133.1).
- Fundamentos da unidade (V 1): “Portanto, se existe alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há profundo afeto e sentimento de compaixão”. Neste primeiro versículo, o apóstolo Paulo nos apresenta pelo menos 04 fundamentos para a unidade da Igreja: a) Exortação em Cristo. A palavra exortação é sinônimo de estímulo e encorajamento. Portanto a unidade cristã é estabelecida em um ambiente de encorajamento mútuo.
b) Consolação de amor. O amor, além de produzir consolo, ele remove conflitos e promove relacionamentos. O amor é ação, doação e auto doação sem pensar em si. E quando nos anulamos por amor aos outros, estamos viabilizando a construção da unidade. c) Comunhão do Espírito. Comunhão do Espírito é a consciência da nossa participação comum no mesmo Espírito. Ou seja, todos fomos espiritualmente batizados no mesmo Corpo (de Cristo), pelo Espírito Santo (Ef 4.3-6). Aquilo que temos em comum não se fundamenta em tradições, filosofias ou preferências, mas no Espírito Santo.
d) Profundo afeto e sentimento de compaixão. Afeto e compaixão são manifestações de empatia e sensibilidade perante o sofrimento alheio, tendo o desejo de aliviá-lo. Portanto, onde não existe afeto e compaixão, também, não existe unidade.
- A essência da unidade (V 2): “então completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, tendo o mesmo amor e sendo unidos de alma e mente”. Em tom imperativo, Paulo diz aos os cristão de Filipos que contribuam para a completude de sua alegria. Com isso, fica claro entender que não existe alegria completa nas divisões, segregações e desavenças. O cálice da alegria somente transborda onde existe unidade. Consequentemente, Paulo apresenta a essência da unidade cristã. Primeiro ele fala sobre a unidade de pensamento. Ter “o mesmo modo de pensar” não é ter uma mente formatada e sem capacidade de reflexão, mas é ter um padrão de mentalidade sustentado pelo evangelho. É ter a mente de Cristo. Pois pensamentos modelam comportamentos, e um pensamento errado na mente produz um comportamento errado na vida e nas relações. Ter o mesmo modo de pensar não quer dizer que concordaremos em todos os assuntos, mas significa que até nas discordâncias teremos as mesmas atitudes de Cristo. Não há necessidade de concordarmos em todos os temas da vida, mas em tudo que for fundamental ao evangelho devemos ser unânimes. Portanto, a partir do evangelho, ter “o mesmo modo de pensar” não é alienação, mas alinhamento de pensamentos. Paulo também diz que devemos ter “o mesmo amor e sendo unidos de alma e mente”. Além de ser o vínculo da perfeição (Cl 3.14), o amor, se revela na entrega (1Jo 3.16). E somente em amor conseguimos substituir a competição pela cooperação.
- O comportamento de quem vive em unidade (Vs 3-4): “Não façam nada por interesse pessoal ou vaidade, mas por humildade, cada um considerando os outros superiores a si mesmo, não tendo em vista somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros”. Quem vive em unidade não se comporta de maneira egoísta. Não vive atendendo apenas os próprios interesses. Pois o ministério do cristão não é ferramenta de autopromoção, e a Igreja não é um campeonato de projeção pessoal. A Igreja é um corpo onde cada membro coopera visando a edificação de todos, pois Deus é glorificado quando o Corpo é edificado. Além do mais, Paulo nos mostra que a grande chave para harmonia do Corpo de Cristo é a prática da humildade. A humildade é o termômetro da nossa espiritualidade. Quanto mais espiritual você é, mais humilde você se torna. A humildade é a antítese do orgulho (e, geralmente, o orgulho é a raiz de toda divisão). Por isso, na humildade encontramos o comportamento correto de quem busca viver a unidade cristã. Pois a humildade nos faz olhar para o próximo, com honra e precedência (Rm 12.10). Um coração humilde é aquele que não tem dificuldade em honrar e promover pessoas à sua volta. Como disse C. S. Lewis: “humildade não é pensar menos de si, mas menos em si”. Cristo é a manifestação da humildade de Deus em pessoa (Mt 11.29) e, portanto, devemos seguir seu exemplo (Jo 13.14-15). Pois a humildade promove a unidade cristã.
Conclusão: O nosso Deus é trino (Pai, Filho e Espírito Santo). Ele é uma comunidade de amor que vive em perfeita unidade. Portanto, somente através da unidade cristã poderemos ser um reflexo na terra daquilo que a trindade é no céu. Unidade não é o coletivo do “eu”, mas a morte do “eu” para o nascimento do “nós”, mediante o mesmo propósito. Unidade não é uniformidade, nem tampouco formatação de pessoas ou sincretismo religioso. Mas unidade é um grande milagre. É quando pessoas de padrões, culturas e tradições diferentes decidem se tornar um só corpo em Cristo. Unidade é quando os diferentes se convergem na mesma direção. Ou seja, unidade é a conversão que gera convergência, onde todos passamos a ter um mesmo ponto em comum: Cristo. Portanto, o nosso ponto de convergência não é uma filosofia, ideologia ou mentoria humana. O nosso ponto de convergência é uma pessoa: Jesus Cristo. Por fim, de acordo com texto de (João 17.21), a unidade da Igreja fará com que o mundo creia que o Pai enviou Jesus para salvar pecadores. Por isso, a nossa unidade dará credibilidade à mensagem do evangelho. Que sejamos um para que Cristo seja tudo em todos.
Pr.Douglas Panta – Igreja Batista do Amor.