“Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores.” (Lc 15.17-19).
Introdução: Este é o momento crucial da parábola, quando o filho pródigo “cai em si” e avalia a condição em que estava vivendo e a condição em que voltaria a viver se estivesse na casa do seu pai. É como se, naquele momento, dissesse: “eu era feliz e não sabia”. Normalmente, o homem só consegue dar valor às coisas quando as perde. Atualmente, perdemos a mobilidade e o convívio social e, agora, ansiamos reencontrar os irmãos de fé, a parentela, os amigos, os companheiros de trabalho ou de escola e, momentaneamente, não podemos. Alguns irmãos me disseram: “pastor, eu era feliz e não sabia”, se referindo à saudade dos cultos presenciais e de congregar fisicamente. No entanto, podemos fazer algumas reflexões edificantes, neste tempo.
“Antes que venham os maus dias” (Ec 121.1): aqui, o pregador adverte às pessoas de que se lembrem do Criador na mocidade, no tempo de vigor e deleite, antes da velhice, em que, normalmente, o tempo é de fraqueza e dissabor. Em outras palavras, não precisamos esperar dias difíceis e de perda para fazermos o que devemos fazer. Este é um chamado à sermos proativos e não reativos. LÓ precisava estar em dificuldade em Sodoma para se lembrar do seu tio, da aliança que Deus tinha com Abraão? SAUL precisava perder a honra e o reino para se lembrar do sacerdote Samuel e das palavras do Senhor? PEDRO precisava ouvir o galo cantar para ver que já seguia Jesus de longe e lembrar-se de Suas palavras? Eles precisavam disso? Precisavam destas perdas? Não! Dando causa ou não, devemos nos perguntar: precisamos de uma pandemia para entendermos a importância de congregar? Precisamos de uma crise conjugal e até de uma separação para valorizarmos o cônjuge? Precisamos de um velório para voltarmos a falar com pessoas de que guardamos mágoa? Precisamos do desemprego ou de recessão para valorizarmos o trabalho que temos e o pão em nossas mesas? Precisamos de uma enfermidade para cuidarmos da saúde?
“Aprenda a viver feliz com o que tem” (Fp 4.11-13): O pródigo era feliz e não sabia, pois, não era satisfeito com o que tinha, até perder tudo. O segredo não é ter mais do que se precisa, mas, ser agradecido pelo que se tem. Quem não estiver contente com pouco, não se contentará com muito. Estudos dizem que a gratidão estimula a dopamina (mensageiro químico) em nosso sistema nervoso central, melhorando o humor, o prazer e o controle. Pessoas ingratas vivem inseguras. “Melhor é o pouco, havendo o temor do SENHOR, do que grande tesouro onde há inquietação” (Pv 15.16). Jesus não contabilizou a falta de pães e peixes para alimentar a multidão; Ele simplesmente agradeceu e o milagre aconteceu! As tempestades, naturalmente, não nos encorajam; elas nos ensinam! A chave é declarar como Paulo: “Com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação” (Fp 4.13).
Conclusão/Reflexão: Você caiu em si? Então, o que você fará, hoje, sabendo que já era feliz e não sabia? O que você tem aprendido neste tempo de isolamento social? Ou, quais os valores que você tem em mais alto grau e, hoje, talvez tenha de trocá-los na “prateleira”?
Pr. Ricardo Arturo T. Batista – Igreja Batista do Amor