“ALIANÇA E FAMÍLIA” (Efésios 5.22-33 e Efésios 6.1-4)
Introdução: Prosseguindo em nossa série temática do mês de abril, sob a perspectiva da nova aliança no sangue de Cristo, veremos neste estudo alguns fundamentos bíblicos para a família cristã:
1. Instrução às Esposas (Ef 5.22-24): “Esposas, que cada uma de vocês se sujeite a seu próprio marido”. A Bíblia é clara e direta quanto ao princípio da sujeição da esposa ao marido. No entanto, é necessário compreender que tal sujeição não se trata de obediência incondicional, muito menos submissão cega e forçada. A sujeição, como princípio bíblico, é harmoniosa, espontânea e cheia de amor. Sendo assim, a referida prática não tem nada a ver com uma cultura machista, misógina ou subserviente. Pelo contrário, como dizia o Dr. Russell Shedd, a submissão matrimonial é sinônimo de apoio e encorajamento. Portanto, a mulher cristã tem um potencial da parte de Deus para encorajar o próprio marido. De acordo com Efésios 5.21-22 (leia em conjunto) a sujeição vivida no lar deve ser essencialmente um reflexo da sujeição mútua presente na vida da igreja. E isso nos faz entender que o princípio da sujeição é uma prática comum a todos os cristãos, sejam homens ou mulheres. Submissão indica que a esposa deve estar debaixo da missão do marido. E a missão do marido é glorificar a Deus amando a sua esposa. Resumindo: a esposa está submissa a uma missão que lhe gera o benefício próprio de ser amada. Por fim, a esposa deve ter plena consciência de que submissão não é sinônimo de inferioridade. Pois o homem não é melhor que a mulher, nem a mulher melhor que o homem. Ambos foram criados a imagem e semelhança de Deus e, portanto, biblicamente, são iguais em essência e dignidade. As funções da esposa e do marido podem ser distintas, mas são mutuamente complementares. Paulo nos ajuda a entender melhor o assunto quando diz: “No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem é independente da mulher. Porque, assim como a mulher foi feita do homem, assim também o homem nasce da mulher; e tudo vem de Deus.” (1Co 11.11-12)
2. Instrução aos Maridos (Ef 5.25-33): “Maridos, que cada um de vocês ame a sua esposa, como também Cristo amou a igreja e se entregou por ela”. Do mesmo modo que Cristo ama a igreja, o marido deve amar sua esposa. A forma de Jesus amar a igreja é se entregando, pois o amor se revela na entrega. Portanto, o amor do marido, além de puro e genuíno, deve ser sacrificial; um amor que se traduz em ação, doação e auto-doação sem pensar em si. O marido deve olhar para Cristo e tê-lo como um referencial de como ser um homem de verdade, estando sempre disposto a se entregar pela esposa. Além do mais, por meio da Palavra lida e vivida dentro de casa, o marido deve ser uma inspiração para esposa, na busca por santificação. Consequentemente, o homem deve cuidar da saúde emocional de sua amada. Pois o marido cristão nunca deve ser rude, grosseiro ou indelicado. Pelo contrário, é ele quem deve promover segurança emocional demonstrando fidelidade, carinho e palavras de afirmação que valorizem a esposa. Portanto, estamos falando de um marido cavalheiro, romântico e gentil, que manifesta excelência no serviço à esposa. Desse modo, a experiência prática e diária desse amor, demonstrado pelo marido, trará harmonia, sustentação e sentido à vida a dois.
3. Instrução aos Filhos (Ef 6.1-3): “Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor… Honre o seu pai e a sua mãe”. A desobediência aos pais é um sinal evidente de decadência social. Pois a desobediência aos pais é algo antinatural. Filhos insubmissos se tornam uma vergonha para a família e sociedade. O Apóstolo Paulo afirma: “…nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis. Pois os seres humanos serão… desobedientes aos pais…” (2Tm 3.1-2). A obediência aos pais não deve ser fria ou relutante, mas entusiástica e cheia de amor. Pois a obediência dos filhos é a alegria dos pais. Vale lembrar que o próprio texto descreve que tal obediência deve ser “no Senhor”. Isso significa que, em determinados casos, os filhos não precisam se submeter a exigências que sejam pecaminosas e antibíblicas. A instrução de Paulo também diz que, além da obediência, os filhos devem honrar seus pais, “para que tudo corra bem com você, e você tenha uma longa vida sobre a terra”. Honrar é amar e acatar de forma elevada, demonstrando consideração e respeito. Por isso, como filho, aprenda a demonstrar honra de maneira prática: trate seus pais com gentileza e dignidade; seja respeitoso; escute-os com atenção; seja proativo e ajude nas tarefas sem reclamação; se tiver condições, oferte presentes; demonstre gratidão e, principalmente, seja um(a) cristão(ã) de verdade, dando bom testemunho. Não tem honra maior que essa.
4. Instrução aos Pais (Ef 6.4): “E vocês, pais, não provoquem os seus filhos à ira, mas tratem de criá-los na disciplina e na admoestação do Senhor”. Infelizmente, alguns filhos se sentem amargurados por causa dos pais. Geralmente, os filhos se sentem irritados quando os pais são dominadores e excessivamente severos. Além do mais, existem posturas dos pais que deixam os filhos com uma disposição de ânimo irado, a saber: quando por falta de atenção e diálogo não são compreendidos; excesso de proteção que impede desenvolvimento e gera constrangimento; palavras depreciativas; comparações injustas e desnecessárias, etc. Tudo isso é capaz de provocar os filhos à ira. Os pais devem ter a sabedoria de equilibrar advertências e estímulos. Pois se houver apenas advertências, os filhos ficarão desanimados. E se houver apenas estímulos, os filhos ficarão mimados. Portanto, filhos precisam de correções e limites, mas também de amor, afeto e encorajamento. É possível ser firme, sem ser carrasco. Na sequência, Paulo não diz que a Internet, a Escola ou o Estado devem criar nossos filhos, mas diz que os PAIS devem “criá-los na disciplina e na admoestação do Senhor”. Ou seja, os pais não devem terceirizar o que é de sua própria incumbência (Pv 22.6 / Dt 6.4-7). Mas devem aperfeiçoar os filhos por meio da disciplina e, também, instruí-los através da Palavra de Deus falada e praticada no dia a dia (2Tm 3.16). Desse modo, os pais, naturalmente, são os primeiros discipuladores dos filhos. Oh quão grande responsabilidade!
Pr. Douglas Panta – Igreja Batista do Amor.